Friday, June 18, 2021

Sion




Prato de faiança pregado na sala

Sobre um balcão de jacarandá.

As paredes no amarelecer 

De nicotina e de fumaça

Da avenida, do ponto de ônibus.

A cortina ruiu, ali, ao lado,

E deixou entrar, branco menos verde,

Um rubro outono cheio de magentas.

E foi dia, e foi noite aberta

Em sésamo derramado, jorrado,

Jogo americano ensopado de leite.

O piso é taco, é farpa-com-ferpa no pé

Do menino que anda de meia.

Porque a meia ele não lava.

A meia ele suja da escureza chã,

Correndo à flor que dá, enfim,

Na maçaneta da porta da avó.

Ele roda a rosa azul,

Mas nada pode o puxador de porcelana

Contra o ferrolho. O quarto segue,

Por ora, inconcesso. 


 






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