Monday, November 24, 2008

poema envergonhado

Às vezes dá vontade de ser diferente. E aí dá vontade de fugir.

 

Mas fugir não é fazer a mesma coisa?

 

Dói, dói, dói, dor de cabeça amada.

Dói e me faz vivo.

 

Viver é ter muita dor de cabeça.

Sunday, July 13, 2008

Canção da Saudade

"Minha canção da saudade calha:

canto, canto para não precisar cantar.

canto para em ti te encontrar.

canto porque só assim a saudade faz sentido".


Eduardo, el Conejo

Monday, July 07, 2008

Reflexões de Férias n. 1

Digo com toda a sinceridade: precisamos ser menos sábios e mais idiotas.

Saturday, June 07, 2008

Poeminha Camarada

 

 

Poeminha amigo de tantas horas,

Invoco-te, aqui, novamente.

És meu tradutor de galhofas,

Fiel camarada inocente.

 

Se quando te chamo demoras,

Sei que a causa é a semente:

Mamãe de tantas apostas

Para minha esperança nascente.

 

Os versos de tantos emboras,

Porquês de um eu-calado ausente,

São as inefáveis faces vistosas,

De nossa amizade patente.

 

Onde se esconde a poesia, Fernanda?

Tuesday, January 15, 2008

Ah, a beleza do mundo

Ah, a beleza sincera do mundo.
O passo em falso e o abismo,
Que seja, o absurdo.

Mas, ainda prefiro a beleza do mundo.
O doce salgado do mar e o azul profundo.
(Sim, aquele computador do xadrez).

Qual nada, ainda nos resta a beleza do mundo.
Absorto e impávido colosso de costas ao chão.
Será feita a tua vontade, não te desespera beleza
Do mundo. E o mundo o que te fez? Diga beleza!
Ou junte estas coisas imundas e parta daqui; vá s'embora
Do mundo. Que te acolhe, acaricia, brinca, chora e
ri, desgasta, some, perfuma, pinta, lava, passa, come e abraça
O mundo. Sim, a beleza é banal. Banal qual esfera ôca e a ilha,
sozinha, intrépida, valente. Mas banal sim, banal como tudo, pois banal
É o mundo.

Sunday, January 13, 2008

"it's your dream, it's your destiny"

Esta foi a parte final do discurso do Presidente George W. Bush em ocasião de sua visita ao Oriente Médio. Hoje, em Abu Dhabi, este tão criticado sujeito mostrou que seus assessores, assim como boa parte da direita intelectualizada americana, têm conseguido renovar e aprimorar sobremaneira o ideário conservador. Certo é que dizer que a democracia é um sonho e um destino levanta inúmeras questões. Questões por demais complexas que eu, mero Gulliver, não me atreveria, neste momento, a tentar responder. Meu sentimento, no entanto, é o de aqui concordar com esse odioso senhor e com seu agradável sotaque texano (isto não foi uma ironia). Quero acreditar na democracia como estágio avançado de socialização humana, como índice de universalização, como passo majoritário em direção à dignidade da pessoa humana. Passo este que não é único, mas é decisivo. Passo fundamental para a construção de um ideal posterior de solidariedade onde, aí sim, todos poderemos nos fazer diferentes mesmo sendo iguais. Independente de diferenças culturais ou de processos civilizatórios, acredito na democracia para todos.
Devo dar o braço a torcer. Achei brilhante boa parte do discurso do Presidente. O que não significa que compartilhe de sua política externa ou de seu plexo de idéias neocons. Enfim, lá no fundo, apesar de viajarmos em lados distantes no espectro ético-político, parecemos querer coisas semelhantes.
Ao menos em nossos discursos*.
*: aí está uma boa discussão. Bush também pareceria um Gulliver?

Sunday, January 06, 2008

Pequenas Anotações ou Um Diário Serve Para Isso

Fiz uma pequena viagem ao Sertão Mineiro. Fiz, mas isto não importa. O que acho que pretendo dizer, na verdade, é que, durante esta calorosa viagem, fui surpreendido pela gostosa leitura de um clássico da literatura Infanto-Juvenil: Guliver's Travels. Lindo, excelente, contagiante, versátil e tudo o mais que uma obra-prima deve conter. Ótimo, estou amadrecendo bem o meu desejo de visitar todas as grandes obras que agradaram as crianças e que, de alguma forma, não foram exatamente escritas para elas. Isto, entretanto, também não importa agora.
Convém simplesmente anotar aqui que, na última noite, algo me amendrotou e me fez fraquejar. Será que este jovenzinho que escreve não é, em verdade, e sempre será, um projeto avançado de Guliver? Será que todos os dias em que subi o Aglomerado da Serra, disposto sinceramente a ajudar; a transformar; a transcender; a rir; a chorar; a trabalhar; a compartilhar (repito, sinceramente), não fiz mais do que observar como um gigante monstruoso o que foi a derrota, o declínio de pequenos humanos? Temo ter me limitado a enxergar as coisas numa escala equivocada, tendo uma visão ampla e generalizada daquilo que é bonito em sua totalidade, isto é, naquela universalidade que resguarda os traços mais singulares. Será que meus passos foram os mesmos daquele Guliver que chega a Liliput como um Leviatã, como um Homem-Montanha?
Apenas pequenas notas.
Ah, resolvi seguir, desta vez, o conselho de meu velho pai: comprei um caderno que vai se transformar em diário. Porquê? Porque acho que o ano de 2008 vai entrar para a história.
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