Friday, October 28, 2005

Adeus a ela

Adormeceu imune ao meu amor,
impermeável às lagrimas que caiam
sobre sua face
surda ao meu grito silencioso
de desespero
e assim, embriagada de liberdade,
deixou-me partir pra algum lugar
longe do seu coração...

E hoje ponho-me calado,
mostro-me curado
para que ela se desvencilhe
da minha agonia
para que possa visitar outros lábios,
incendiar outros corpos,
estraçalhar outros corações
Que covarde egoísmo seria privar o mundo
da poesia que carrega distraída e sem saber,
do poder inebriante de seu sorriso,
da comoção eterna de seu pranto,
do brilho imenso de seus olhinhos pequenos,
da vertigem de mergulhar em seu mundo e nunca mais voltar...

Este texto foi escrito por Lauret Casturro

obs: triste viajante que perde sua amada em meio à viagem. Triste fado de carregar o amor junto com os trapos, com os anéis, e com o rubi. Quem sabe o que é ter e perder alguém? Ele sabe, e como sabe. Agora compreende o quão difícil é o amor.

Thursday, October 27, 2005

observações concernentes ao texto abaixo:

obs: este texto foi escrito por ela. Aquela menininha caladinha que senta lá no fundo da sala. Pianíssima. Sufixo prestes a se vincular a um radical latino para imprimir noção de grandeza. Ao adjetivo e aos sentimentos. Sentimentos meus, de fato. Seus, quem sabe. Dela talvez.
Pianíssima. O som é pouco e piano, porque música boa deve ser escutada bem baixinho. Grato.

obs':Estou honrado e feliz com o que o jardim se transformou!

Jardim

eis aqui um jardim.
jardim belo e secreto.
guarda com cuidado a mais linda de todas as flores:
menina-morena-flor.
menina-flor.
sob os cuidados do jardineiro invisível, tudo se transforma.
há beleza em tudo.
ninguém vê, ninguém sabe. apenas eles. é transparente e evidente,
o amor.
o vento faz o invisível dançar com a menina-flor.
eles flutuam no ar, sem perceber
embalados pela melodia de uma música sem fim, enfim.

Thursday, October 20, 2005

Esmeralda arredia.

Andei tendo idéias, mas as idéias correram de mim. Esqueci tudo o que devia ser dito. E não disse. Preferi ficar aqui. Quieto, que é como fico quando estou assim. Escuto neste instante a mais bela e triste canção do mundo. Mas não sei bem como é chamada. Minha avó disse que talvez seja "Minha Saudade". Eu sei que é minha saudade que transforma a música no que ela é. Nada existe fora de um contexto. Sou fruto de minhas circustâncias. Sou fruto de uma relação com o espaço e com o tempo. Deixo o espaço de lado e me concentro no tempo. Que tempo é esse? Não faço a menor idéia. Para os filósofos, e não para os físicos, decidirem. Tempo é coisa do homem. É trem. A música mudou agora. Esta possui um nome certo: Minhas Mágoas. Jacob. O bandolim é maravilhoso. Coisa pouca é o que eu digo. Fado esse que carrego sem medo, mas com muita dor. O que seria do meu amor sem ti morena? Amor é sentimento com obrigação de haver sujeito e objeto. Tu és minha intenção primeira e última. És fim, começo e meio. Jogaste fora o anel que te dei, mas eu soube guadar em meio aos mais infâmes clichês. Guardei bem. Bem escondido. Achaste o outro alguém em meio a bosques de solidão, e dele fizeste tua força. Um anjo, diria-me. Mas morro e morro sem saber do certo. Crise semântica hilária. Talvez fiquem para trás os reais significados.
No fim, valeu a pena ter te visto andar pela rua, descalça de chinelos e preocupações. Sol baixo. Ou era noite? Eu ponteando uma viola sem cordas. Cena digna de cinema que como rolo enrola o pensamento. O pensamento de quem pouco pensa.

Mas pensar é amar. Então penso muito. Amor é razão.


observação: ainda não sei bem o nome da música. Mas ela é a coisa mais linda que já escutei e, por incrível que pareça, é mais emocionante que o Boléro de Ravel. O autor, ou intérprete, é Dilermando Reis. Nunca antes havia ouvido falar, mas certamente se trata de um gênio.
advertência: não existem duplos sentidos. Existem interpretações erradas e certas para determinadas situações, apesar de todas serem sublimes. Aquilo que está escrito já negligencia o escritor, e eu fui negligenciado no último segundo que se passou.

fiz pequenas correções.

Saturday, October 08, 2005

Oxumaré e o Invisível.

tudo o que pensas acontece?
pois penso pouco
faço errado
mas agora volto
depois de algum tempo
depois de ter andado o mundo inteiro
voltei para o início-fim de tudo
para este mar de rosas
que machuca.
Oxumaré,
ô
cobra má, dona
de todo o arco-íris do céu
desenrole-se do mundo, deixa a gente
seguir nosso caminho em paz
porque sempre
me trás
aqui
?
cá estou
em amor de novo?
Vida cíclica que não permite
grandes passos e sempre nos retorna
a este princípio um.
ainda bem
!
Que eu não parta sem dar sete voltas ao mundo.

Saturday, October 01, 2005

Vem Vambora

Ei, moço desse amor
Dono dessa dor
Larga tudo aí e vem-se embora pra cá
Que eu vou te encontrar
no porto sete às seis da tarde
Mala e cuia na mão
Vestido florido
Sorriso estampa colorida
Grita berros de alegria
Anuncia a boa nova
Notícia
Avisa que sou eu
Eu, sim
Eu que espero única
Por ti
Não demores que já desde hoje
não me agüento
Anda, que o trem parte às oito
Não esquece senão morro
Caio em desespero
Desamparo
Desassossego
Vem,
que meu céu tomou-se de um vermelho
E eu venho brigando com meus dragões
Clareia
Enche de luz o coração
Que eu quero me danar
estrada afora
Em paz
Clareia o nosso caminho
Andarilho
Costurar estórias retalhos na saia
Botar pra girar
Rodar
Cuida, escuta, meu bem
deixa ser
Deixa ser o que será
Que será


By. Sra Luana Lorenzini que agradece o invisível pelo espaço cedido.
Foi deveras divertido... e tenho dito.
Licença Creative Commons
Este trabalho foi licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição - NãoComercial - CompartilhaIgual 3.0 Não Adaptada.