Thursday, December 29, 2005

Erosão - parte I

A água cai
e fere a terra
nua
sem nenhuma cerimônia

Escorre, escorre
caminha pelas Ravinas
de
solos ainda virgens

Leva embora
tudo que encontra à
frente,
até empoçar.

Eis que de repente
a terra suja, imunda e inerte
explode...
Erosão, erosão!

Caem os muros
que eu construi pra me isolar,
ilhota
recém re-descoberta.

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obs: este poema tem uma segunda parte que eu preferi não publicar
obs": Talvez não faça nenhum sentido sem a segunda parte.

Thursday, December 08, 2005

Parcas impressões iniciais.

São muitas as impressões. É o cheiro que me enoja, é o ar que anda carregado de eletricidade, é a mais bela vista da cidade, é o escutar belas palavras. Ninguém mais pode repetir aquilo que já foi repetido, pois não existem conceitos. Quero sair do lugar, quero movimentar, quero alterar, quero potencializar. Mas minhas mãos são muito pequenas e, talvez, meu coração também - continuarei a saga dos que tiveram verdades. Quem se atreve a andar por entre estas ladeiras, por estes becos, por estas vielas? Quem será que está a dizer aquilo que deve ser feito? Por onde andas agora que tudo deu errado? Fostes te esconder por detrás do morro para que bem de perto pudesse contemplar a derrota do outro, a derrota do álter, a derrota daqueles que perderam a face.
Andei tratando de identidades, mas de que servem sentenças sem o sentenciador? É preciso se apoiar em ombros de gigantes para coser estas redes? Vamos reinventar, vamos aprimorar, vamos adequar aquilo que pensamos àquilo que fazemos. Tratemos assim: avant-gard!
Não gostaria de dizer isto mas, como sempre, acabei cuspindo.
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obs: isto não deveria estar aqui e contém erros. Arranjarei mais tarde.
obs': Brota em mim uma certa felicidade.

Thursday, November 24, 2005

In the Wake of Poseidon¹

Sob a guarda de Poseidon
sob a mais bela alcunha
Triste velejador dos mares
triste prisioneiro das sereias
Guarda-mor da torre da cidade
guarda o coração da rainha
Tempo restante em mármore
Tempo bem vivido
Caminho d'Anta feito de leite
Caminho errado novamente
Rei dos mares e a rainha da meia-noite
Rei dos mares meu padrinho, meu mentor
zarro por amores está o céu
zarro de amores está o trovador
Urge a vontade de te ver
Ruge um torpe coração de marfim
Lua na água refletida
Lua na escala dos mundos
Lua na palma das mãos de eros
Lua na mais bela dentre as loas
Lua na-scendo
obs: não revisei este poema, pretendo fazê-lo mais tarde.
obs': Talvez eu ainda precise ajustar algumas palavras.
obs": Este texto foi escrito, inicialmente, na intenção de ser entregue À Dona do Sapato - o blog da luana. No entanto, acabei publicando-o aqui mesmo porque achei que este poema tem as cores do jardim.
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1- Este é o nome de uma canção da banda King Crimson. Apesar de ter me apropriado do título, desconheço inteiramente o que diz a letra, pois se encontra escrita num inglês muito erudito e performático. Portanto, não quis aqui fazer qualquer reprodução, apenas uma singela referência ao maior conjunto musical de todos os tempos e uma de suas mais belas composições.

Wednesday, November 02, 2005

Francisco De Assis ( ou a ira de Deus que transforma água em inferno)

Sobe o rio
Sobe sem medo
Sobe o Brasil inteiro
antes de des-aguar

Sobe o rio
Sobe o enterro
Sobe todo o dinheiro
antes de desviar

Sobe a bomba hidráulica de Deus e descarrega vida.
Desce o homem e transforma a vida em morte. ( Mas o Senhor não deixa, pois o Chico é seu preferido.)

Desce o trio
Desce o novelo
Desce o braseiro (do inferno)
antes de avisar

Desce o trio
Desce o vento seco
Desce um Exu faceiro
antes de avalisar

Pai, perdoa esses homens. Eles jamais saberão o que fazem. Vossa água não transformará o homem-carvão em homem são. Protegei-nos de vossa ira!

Friday, October 28, 2005

Adeus a ela

Adormeceu imune ao meu amor,
impermeável às lagrimas que caiam
sobre sua face
surda ao meu grito silencioso
de desespero
e assim, embriagada de liberdade,
deixou-me partir pra algum lugar
longe do seu coração...

E hoje ponho-me calado,
mostro-me curado
para que ela se desvencilhe
da minha agonia
para que possa visitar outros lábios,
incendiar outros corpos,
estraçalhar outros corações
Que covarde egoísmo seria privar o mundo
da poesia que carrega distraída e sem saber,
do poder inebriante de seu sorriso,
da comoção eterna de seu pranto,
do brilho imenso de seus olhinhos pequenos,
da vertigem de mergulhar em seu mundo e nunca mais voltar...

Este texto foi escrito por Lauret Casturro

obs: triste viajante que perde sua amada em meio à viagem. Triste fado de carregar o amor junto com os trapos, com os anéis, e com o rubi. Quem sabe o que é ter e perder alguém? Ele sabe, e como sabe. Agora compreende o quão difícil é o amor.

Thursday, October 27, 2005

observações concernentes ao texto abaixo:

obs: este texto foi escrito por ela. Aquela menininha caladinha que senta lá no fundo da sala. Pianíssima. Sufixo prestes a se vincular a um radical latino para imprimir noção de grandeza. Ao adjetivo e aos sentimentos. Sentimentos meus, de fato. Seus, quem sabe. Dela talvez.
Pianíssima. O som é pouco e piano, porque música boa deve ser escutada bem baixinho. Grato.

obs':Estou honrado e feliz com o que o jardim se transformou!

Jardim

eis aqui um jardim.
jardim belo e secreto.
guarda com cuidado a mais linda de todas as flores:
menina-morena-flor.
menina-flor.
sob os cuidados do jardineiro invisível, tudo se transforma.
há beleza em tudo.
ninguém vê, ninguém sabe. apenas eles. é transparente e evidente,
o amor.
o vento faz o invisível dançar com a menina-flor.
eles flutuam no ar, sem perceber
embalados pela melodia de uma música sem fim, enfim.

Thursday, October 20, 2005

Esmeralda arredia.

Andei tendo idéias, mas as idéias correram de mim. Esqueci tudo o que devia ser dito. E não disse. Preferi ficar aqui. Quieto, que é como fico quando estou assim. Escuto neste instante a mais bela e triste canção do mundo. Mas não sei bem como é chamada. Minha avó disse que talvez seja "Minha Saudade". Eu sei que é minha saudade que transforma a música no que ela é. Nada existe fora de um contexto. Sou fruto de minhas circustâncias. Sou fruto de uma relação com o espaço e com o tempo. Deixo o espaço de lado e me concentro no tempo. Que tempo é esse? Não faço a menor idéia. Para os filósofos, e não para os físicos, decidirem. Tempo é coisa do homem. É trem. A música mudou agora. Esta possui um nome certo: Minhas Mágoas. Jacob. O bandolim é maravilhoso. Coisa pouca é o que eu digo. Fado esse que carrego sem medo, mas com muita dor. O que seria do meu amor sem ti morena? Amor é sentimento com obrigação de haver sujeito e objeto. Tu és minha intenção primeira e última. És fim, começo e meio. Jogaste fora o anel que te dei, mas eu soube guadar em meio aos mais infâmes clichês. Guardei bem. Bem escondido. Achaste o outro alguém em meio a bosques de solidão, e dele fizeste tua força. Um anjo, diria-me. Mas morro e morro sem saber do certo. Crise semântica hilária. Talvez fiquem para trás os reais significados.
No fim, valeu a pena ter te visto andar pela rua, descalça de chinelos e preocupações. Sol baixo. Ou era noite? Eu ponteando uma viola sem cordas. Cena digna de cinema que como rolo enrola o pensamento. O pensamento de quem pouco pensa.

Mas pensar é amar. Então penso muito. Amor é razão.


observação: ainda não sei bem o nome da música. Mas ela é a coisa mais linda que já escutei e, por incrível que pareça, é mais emocionante que o Boléro de Ravel. O autor, ou intérprete, é Dilermando Reis. Nunca antes havia ouvido falar, mas certamente se trata de um gênio.
advertência: não existem duplos sentidos. Existem interpretações erradas e certas para determinadas situações, apesar de todas serem sublimes. Aquilo que está escrito já negligencia o escritor, e eu fui negligenciado no último segundo que se passou.

fiz pequenas correções.

Saturday, October 08, 2005

Oxumaré e o Invisível.

tudo o que pensas acontece?
pois penso pouco
faço errado
mas agora volto
depois de algum tempo
depois de ter andado o mundo inteiro
voltei para o início-fim de tudo
para este mar de rosas
que machuca.
Oxumaré,
ô
cobra má, dona
de todo o arco-íris do céu
desenrole-se do mundo, deixa a gente
seguir nosso caminho em paz
porque sempre
me trás
aqui
?
cá estou
em amor de novo?
Vida cíclica que não permite
grandes passos e sempre nos retorna
a este princípio um.
ainda bem
!
Que eu não parta sem dar sete voltas ao mundo.

Saturday, October 01, 2005

Vem Vambora

Ei, moço desse amor
Dono dessa dor
Larga tudo aí e vem-se embora pra cá
Que eu vou te encontrar
no porto sete às seis da tarde
Mala e cuia na mão
Vestido florido
Sorriso estampa colorida
Grita berros de alegria
Anuncia a boa nova
Notícia
Avisa que sou eu
Eu, sim
Eu que espero única
Por ti
Não demores que já desde hoje
não me agüento
Anda, que o trem parte às oito
Não esquece senão morro
Caio em desespero
Desamparo
Desassossego
Vem,
que meu céu tomou-se de um vermelho
E eu venho brigando com meus dragões
Clareia
Enche de luz o coração
Que eu quero me danar
estrada afora
Em paz
Clareia o nosso caminho
Andarilho
Costurar estórias retalhos na saia
Botar pra girar
Rodar
Cuida, escuta, meu bem
deixa ser
Deixa ser o que será
Que será


By. Sra Luana Lorenzini que agradece o invisível pelo espaço cedido.
Foi deveras divertido... e tenho dito.
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