Sunday, January 14, 2007

Inflexão morosófica.

Em meio à cordialidade que me é inerente, gostaria de fazer mais alguns apontamentos sobre tudo o que remete à loucura e ao pensamento morosófico saturnino. Cordialidade e loucura, talvez, devessem ser interpretadas e interpeladas de uma mesma maneira: na minha opinião cordialidade pode ser explicada como o aspecto mais sublime daquilo que se entende por loucura. A cordialidade é a loucura em estado bruto, é aquilo que nos impede de ser racional na vida em sociedade, é aquilo que nos impede uma construção mais sólida de uma democracia, é aquilo que nos impede a fixação de um liame moderno. Só mesmo um louco pode não saber exatamente a diferença entre o que é público e o que é privado, você há de concordar.

Certo, não restam mais dúvidas. Mas o que pode fazer, então, uma nação de loucos? Uma nação formada por seres humanos que amam demais, por seres humanos muitas vezes mais interessados na beleza dos sentimentos do que na leveza do capital ou na dureza de uma república sólida e rígida, cheia de modernices, cheia de certezas. Aquela xícara de açucar você não deve ter recusado, certo?

Ultimamente eu tenho tido medo destas certezas todas, destas todas certezas. Tolices criadas por alguns franceses, uns ingleses e uns alemães (quiçá uns norte-americanos) e incorporadas por nós em solos férteis regados ao melhor sal europeu. (E aqueles que nutrem certeza na ciência? Estes chegam a me divertir muito, mais talvez do que aqueles racionalistas divertiam Erasmo. Os mais certos na ciência geralmente são aqueles que menos a conhecem, tamanha a ironia e a lógica desta relação). A loucura cordial é uma das formas de libertação destas lógicas certas, destas lógicas, da lógica.Ultimamente eu tenho tido medo destas certezas todas.

Afinal de contas, como já diria o nosso querido Érico Veríssimo, na voz de Francisco Vacariano: "eu ainda duvido que ela (Antares) seja maior que o sol". Viva a cordialidade! Viva a loucura, pelo amor de Deus.

3 comments:

Anonymous said...

http://www.abcd-classics.com/tuckergeo/voyagemoon/voyage_moon-006.html

Anonymous said...

O Pelé é o amigo que, num agradável fim de tarde no Feijão, me convenceu do quão pertinente é ouvir a loucura.

Que a polidez, não raro, é tudo menos uma virtude.

Enfim... espero lembrar daquilo tudo de hoje em diante, embora não seja capaz de pôr em palavras aqui.

Haja pelé, o amigo louco que eu tenho, com orgulho inquebrantável!

Vlw...

Anonymous said...

"- Nossa, Dona Máxima, deve estar uma delícia mesmo...
- Você não quer se sentar na mesa Jaqueline??
- Ai, eu posso, dona Bôlinha, não, ééé..., Dona Máxima??
- Claro.
- Brigado!
STAP!!
- Ai Dona Máxima!
- Mas você é muito mal-educada mesmo néah, Jaqueline??? Eu ofereci, por acaso?
- Mas a senhora disse que eu podia sentar!!!!
- Eu disse pra você sentar, não disse pra você meter a mão nos bolinhos!
(pausa)
Além do mais, eu não tenho como saber se você quer, se você não falar!
Você quer um bolinho??
- Mas, a senhora vai me dar?
- Não seei, não sei se você quer!
- Mas, a senhora vai me dar?
- Primeiro você tem que falar se você quer!
- Mas primeiro a senhora diz se você vai me dar, né?
- Mas como eu vou saber se você quer, se você não falar?
Você quer um bolinho???
- QUERO!

- ... VAI COMPRAÁR! A-RÁRÁRÁRÁRÁRÁRÁRÁ!!! Ai ai..."

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